Pais de Atletas: Presença que Acolhe, Não que Pressiona
Ser pai ou mãe de um atleta é viver a montanha-russa das competições, dos treinos e das emoções. Mas mais do que torcer, oferecer transporte ou investir em estrutura, o papel da família vai muito além: é sobre acolher o processo e não apenas o resultado.
É natural querer proteger, aconselhar ou até “corrigir” o filho quando algo não vai bem. Mas é preciso cuidado: quando a cobrança vira rotina, o jovem pode se sentir mais pressionado do que apoiado — e isso pode afetar tanto o desempenho quanto a relação com o esporte.
Alguns pontos importantes para os pais estarem atentos:
O esporte é do seu filho, não seu. Ele é quem deve decidir se quer competir, como quer se dedicar e o que sente diante de vitórias e derrotas.
A escuta vale mais que o conselho. Às vezes, ele só precisa falar. Não interrompa com soluções — acolha primeiro.
Não transforme a arquibancada em arquibancada de julgamento. Seja um ponto de apoio emocional, não mais uma voz de cobrança.
Elogie o esforço, não só o resultado. Isso reforça o valor do processo e não apenas da medalha.
Permita que ele erre. O erro ensina, fortalece e constrói a autonomia emocional que ele vai levar para a vida.
Pais que conseguem estar por perto sem tomar o controle da cena são aqueles que, mais do que formar campeões, formam pessoas seguras, conscientes e emocionalmente saudáveis.
No fim, apoiar um atleta em formação é menos sobre “fazer por ele” e mais sobre “estar com ele” — com afeto, respeito e confiança no caminho que ele está construindo.
Por Josiane Cozac
Psicóloga | CRP 138990/06