Burnout que só o outro enxerga
Nem sempre quem está vivendo um burnout consegue perceber o que está acontecendo. A mente se acostuma com o cansaço, o corpo segue no piloto automático e a sensação é de que parar é fraqueza. É por isso que, muitas vezes, quem primeiro percebe que algo não vai bem… é quem está de fora.
No ambiente de trabalho, nos treinos, na equipe técnica, na família ou nas amizades — todos podemos ser peças-chave na identificação precoce de um esgotamento.
Mas o que observar?
Alguns sinais costumam aparecer aos poucos:
• A pessoa está mais irritada ou distante do que o habitual
• Começa a se isolar, evita conversas e convivência
• Reclama de cansaço constante, mesmo após períodos de descanso
• Perde o brilho pelo que antes fazia com prazer
• Se culpa por não estar rendendo como antes
• Tem lapsos de memória, baixa concentração e alterações no sono
No esporte, isso pode se traduzir em quedas de desempenho, falta de motivação, lesões frequentes ou atitudes impulsivas. Em técnicos e profissionais de apoio, pode vir como desânimo, impaciência ou rigidez excessiva. Entre os pais, o excesso de cobrança ou a ausência emocional podem ser alertas importantes.
Reconhecer esses sinais não é invadir — é cuidar.
É dizer, com delicadeza e presença: “Tô vendo que você não tá bem, quer conversar?”, “Posso te ajudar com algo?”, “Você já pensou em buscar apoio?”.
Nem sempre a pessoa vai aceitar na hora, mas a escuta atenta planta uma semente.
E às vezes, só de saber que alguém percebeu… ela já começa a se perceber também.
Por Josiane Cozac
Psicóloga | CRP 138990/06