A comparação silenciosa e o peso de se sentir menos

Tem dias em que a gente não percebe, mas começa a se medir em silêncio: com o que os outros fazem, com o que os outros conquistam, com o que esperavam da gente — ou com o que a gente esperava de si mesma(o).

A comparação, muitas vezes, não chega com alarde. Ela se instala aos poucos, em pensamentos quase automáticos: “eu devia estar melhor”, “ela já conseguiu e eu não”, “tô ficando pra trás”. E de tanto se repetir, isso vai minando a autoestima, até que a sensação de não ser suficiente vira quase um pano de fundo constante.

Na clínica, escuto muito isso. Gente competente, sensível, dedicada... mas que não consegue se reconhecer, porque o parâmetro está sempre fora. Porque o olhar está sempre no outro. Como se existisse uma régua invisível que mede valor com base em desempenho, aparência ou aprovação.

Reconstruir a autoestima passa por sair desse jogo. Por lembrar que não é sobre “ser mais”, mas sobre “ser de verdade”. Sobre olhar pra si com um pouco mais de honestidade, e um pouco menos de cobrança. Sobre encontrar, no meio da bagunça, aquilo que continua firme — mesmo quando tudo parece instável.

Às vezes, o primeiro passo pra se sentir suficiente é parar de se comparar com versões que nunca foram suas.

Por Josiane Cozac
Psicóloga | CRP 138990/06

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