Quando a dúvida vira movimento
Nem sempre quem chega à terapia vem com uma pergunta clara. Às vezes, o que chega é o peso de uma insatisfação que não tem nome, uma sensação de que algo não está bem, ou uma vontade de entender por que as coisas têm sido tão difíceis ultimamente.
É comum que o processo comece assim: com um incômodo. Um desconforto que, quando acolhido, começa a revelar muito mais do que se imaginava. Porque a dúvida, por mais desconfortável que seja, também pode ser um ponto de partida. Ela abre frestas.
Na clínica, vejo todos os dias como pequenos movimentos de escuta e coragem fazem diferença. Quando alguém se permite falar do que sente, sem pressa de organizar tudo, nasce um outro tipo de entendimento — mais conectado com quem se é, e menos com o que se espera ser.
A dúvida, quando não é negada, pode virar direção. Não porque resolve tudo, mas porque nos movimenta. E movimento, na terapia, quase sempre é sinal de vida pulsando.
Por Josiane Cozac
Psicóloga | CRP 138990/06